Quem não se comunica, se trumbica.
As clínicas e consultórios estão, cada vez mais, focados em oferecer um atendimento humanizado e, para isso, é necessário refletirmos sobre o forte vínculo entre a saúde e a comunicação. Nesse caso, não falamos apenas da comunicação médico-paciente, mas também do processo de comunicação de toda a equipe interna, que está diretamente envolvida na qualidade percebida pelos pacientes. O bom relacionamento entre médicos e colaboradores reflete positivamente no dia a dia de trabalho e, consequentemente, na relação com os clientes.
A comunicação tem o poder de esclarecer, engajar, estimular, realizar e motivar, o que a torna uma ferramenta extraordinária para se atingir os objetivos e metas da empresa. Dessa forma, deve ser vista como um processo estratégico para mobilizar pessoas, o que é fundamental dentro dos serviços de saúde.
Alinhada às políticas institucionais, a comunicação interna estimula um permanente diálogo, onde a troca de experiências entre médicos e equipe contribui para uma gestão colaborativa. Se o médico em seu consultório ou clínica não conseguir convencer e motivar a sua equipe sobre a qualidade do atendimento, os pacientes dificilmente terão esta percepção.
A comunicação interna é baseada em ações que a organização coordena, com o objetivo de ouvir, informar e educar, mantendo a coesão em torno de valores que precisam ser reconhecidos e compartilhados por todos. Colabora, assim, para a construção de uma boa imagem do serviço médico. É necessário entender que tais estratégias se baseiam em endomarketing, que constitui um conjunto de ações dirigidas ao público interno, e visam estimular o ambiente dentro da organização, motivando as pessoas, aprofundando o compromisso com a empresa e fortalecendo os laços internos. O objetivo final é conquistar bons resultados econômico-administrativos e operacionais.
Uma boa comunicação corporativa na área médica deve começar com os gestores e médicos. É importante estar disponível para o diálogo e próximo da equipe, escutando seus colaboradores por meio de reuniões informativas, buscando entender suas expectativas e objetivos em relação à empresa, e colocando para cada um a importância do seu papel.
Os colaboradores precisam se sentir participantes e envolvidos nos processos, pois as visões diferentes de cada um podem ajudar muito nas tomadas de decisão, buscando melhoria na qualidade. Uma comunicação de mão dupla pode inspirar a equipe, que consegue enxergar as vantagens de desempenhar o trabalho com seriedade e competência.
Aquela conhecida frase “O combinado não sai caro pra ninguém” vale muito numa relação e a na comunicação interna, já que deixar as regras totalmente claras ajuda no alinhamento entre médicos e equipe. Muitas vezes, se espera e se cobra algo de um colaborador que nunca foi dito e explicado claramente para ele. Por isso, a comunicação constante e com feedbacks traz resultados na melhoria do trabalho.
A cumplicidade nessa relação entre médico e equipe irá refletir nos atendimentos aos pacientes, que receberão as informações alinhadas. Para tanto, é necessário que exista liberdade para se conversar e esclarecer dúvidas. Assim, é possível minimizar também aquele cenário de boatos e fofocas, sempre tão prejudicial, desestimulante e danoso para o trabalho em equipe.
Os ruídos ou falhas na comunicação podem acontecer como naquela velha brincadeira do telefone sem fio, onde a mensagem começa de um jeito e termina de outro. Por isso, é importante implementar soluções simples e centralizadas de divulgação de informações, para que essas se tornem mais acessíveis. Por exemplo, um mural em lugar de movimentação constante. Há também ferramentas nos meios digitais, com bons resultados – como a rede intranet Workplace do Facebook ou grupos específicos no WhatsApp, que possibilitam informar a todos de maneira rápida e padronizada.
Momentos de interação e descontração, como eventos semanais para troca de experiências, reuniões de aniversariantes do mês e treinamentos também podem incentivar a conversa entre equipe e médicos, fortalecendo a confiança mútua. Além disso, favorecer o estreitamento de laços ajuda a diminuir o estresse, a motivar a equipe e propicia resultados satisfatórios no trabalho.
A boa comunicação pode ser vista como estratégia organizacional e fator diferencial nos serviços de saúde, pois ela permeia todas as ações dos médicos, gestores e colaboradores no desempenho de suas funções, tanto no que diz respeito ao relacionamento médico-colaborador, como também reflete no cuidado, no relacionamento e na atenção com os clientes, que percebem a excelência e se sentem mais satisfeitos.
Essa troca constante entre todos de uma clínica ou consultório é a chave para estabelecer uma relação de confiança, diminuindo os transtornos, melhorando a gestão do tempo e dando subsídios para se identificar o melhor tratamento para os pacientes. O médico precisa valorizar o processo da comunicação como um ponto determinante na obtenção de resultados, pois os colaboradores que compreendem os valores da empresa sentem-se motivados e integrados ao propósito da empresa. A boa comunicação pode transformar um grupo de pessoas numa equipe trabalhando em uma mesma direção, e no caso do serviço médico, refletindo no ponto mais importante: a qualidade do atendimento dos pacientes.
Roberta Fernandes.
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