Pesquisadores criam dispositivo que detecta predisposição para diabetes 2
Ferramenta foi criada pela Universidade de São Paulo (USP) São Carlos.
Sensor que detecta diabetes do tipo 2 tornará exame mais rápido e barato.
Um dispositivo criado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (SP) detecta pacientes que têm predisposição para desenvolver diabetes tipo 2. O sensor deve fazer com que o exame fique mais rápido e barato. Os pacientes que apresentarem resultado positivo podem procurar um médico e mudar hábitos simples para não desenvolver a doença no futuro.
A genética, bem como o sedentarismo, o tabagismo e a má alimentação podem desencadear o diabetes tipo 2. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, no Brasil, mais de 12 milhões de pessoas, o equivalente a 6,2% da população, têm a doença. O tipo 2 é o mais comum e representa cerca de 90% dos casos. Se um dos pais tiver diabetes desse tipo, a chance de o filho também ter é de 15%. No caso de o casal possuir a doença, a probabilidade para o filho é de 75%.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, em 2012, só no Estado de São Paulo foram registradas mais de 21 mil internações e 9.562 mortes por causa do problema. A rapidez no diagnóstico pode ajudar a prevenir a doença, bastando tomar alguns cuidados. “Tendo uma dieta mais saudável, uma prática de exercícios físicos, cessação de tabagismo, controle de colesterol e outros”, explicou a dermatologista Thais Cotrim Martins.
Pensando nisso, um grupo do Instituto de Física da USP São Carlos criou um novo sistema que permite saber se o paciente tem predisposição para desenvolver o diabetes tipo 2, doença crônica que afeta o nível de glicose, principal fonte de energia do corpo.
Por meio de um sensor, é possível detectar a baixa concentração do hormônio adiponectina, relacionado com a doença. Durante a pesquisa, que durou dois anos, amostras de sangue de pessoas desconhecidas foram colhidas e colocadas dentro de um tubo. O sensor ficou em contato com o sangue por cerca de 1h30 e depois foi lavado e colocado dentro de um recipiente com uma solução para ser analisado.
“Para aplicar um potencial no eletrodo e medir a corrente resposta, o que me dá as taxas do hormônio. Se as taxas estiverem baixas, há predisposição para desenvolver o diabetes, se estiver alta, não há problemas”, explicou a pesquisadora Laís Canniatti Brazaca.
O teste convencional custa cerca de R$ 1 mil por amostra de sangue e leva cerca de 15 dias para ficar pronto. Com o sensor, ainda sem previsão para entrar no mercado, o mesmo exame custaria entre R$ 10 e R$ 100 e o resultado sai em minutos.
Diagnóstico
Sem desconfiar que tinha diabetes, a aposentada Isair Grosso da Costa passou quase 30 anos com problemas de saúde. “Passava mal. Depois que descobri comecei a tomar remédio. Agora tomo insulina três vezes por dia”, contou.
A rotina da aposentada e da família mudou. O tratamento exige disciplina e atenção. Além de tomar insulina, é preciso medir o nível de glicose, a quantidade de açúcar no sangue, pelo menos duas vezes por dia.
A novidade deixou a filha de Isair, a aposentada Sueli da Costa Dores, otimista. “Vou procurar um médico especializado nessa área para não vir a ter diabetes.”