CRM-PR repudia ação do governo federal para contratar médicos estrangeiros

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Decreto deverá ser assinado em junho pela presidente Dilma Rousseff e o Ministério da Saúde ficará responsável pelo pagamento dos salários desses profissionais.
 
Em relação a matéria veiculada na imprensa indicando a contratação de médicos estrangeiros para trabalhar no interior do país, o presidente do CRM-PR, Alexandre Gustavo Bley, considera mais um triste episódio que o atual governo federal protagoniza em relação a saúde pública. Além de não participar de forma adequada no financiamento do SUS, deixando estados e municípios à deriva, o governo federal sai do tom mais uma vez ao insistir na tecla que falta contingente de médicos para trabalhar.
 
"Já é sabido que o que se verifica é a falta de estrutura e a falta de perspectivas de um plano de carreira para a interiorização e permanência dos profissionais nessas localidades. Os valores afirmados na matéria, onde prefeituras pagam até R$ 30.000,00 para os médicos, não condiz exatamente com a realidade dos fatos que verificamos no Paraná. Recebemos inúmeras denúncias de que os profissionais não recebem os valores acordados, com atrasos constantes e sem garantias trabalhistas, onde a jornada de trabalho muitas vezes ultrapassa o limite do profissional."
 
Da mesma forma entende que não é trazendo profissionais de outros países que será possível avançar na saúde do país. "Os médicos estrangeiros vão enfrentar os mesmos problemas estruturais que os brasileiros, além do agravante da dificuldade com o idioma. A classe médica exige respeito não só para a dignidade de sua profissão, mas também para com a população desses municípios, pois a negligência dos gestores públicos tem impactado diretamente na vida das pessoas", conclui o presidente.
 
No dia 2 de abril as entidades médicas nacionais e estaduais participaram de um Ato Público em Brasília para cobrar do governo a manutenção do Revalida e debater temas como a interiorização de médicos, criação de planos de carreira, melhoria do ensino e o financiamento da saúde pública.
 
Na ocasião, o Senador Paulo Davim (PV-RN), que juntamente com o Senador Eleuses Paiva (PSD-SP) convocou a audiência, falou em seu discurso que "acabar com o Revalida é crime. O que falta, principalmente, é a saúde ser tratada como prioridade, pois o que é prioridade se torna carreira de estado".
 
Na mesma semana, representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) entregaram para a presidente Dilma Rousseff um documento com propostas para promover a interiorização da medicina, o aperfeiçoamento do processo de formação médica e a melhora dos instrumentos de financiamento, gestão e controle.
 
Durante a conversa com a presidente Dilma, as entidades argumentaram que soluções anunciadas pelo governo, como a 'importação' de médicos estrangeiros e a abertura indiscriminada de faculdades de medicina, não resolveriam o problema da saúde pública e propuseram a criação de uma carreira de Estado para os médicos. Se implementada a ideia assegura ao profissional remuneração compatível com a formação e a responsabilidade e condições de trabalho (infraestrutura física, equipamentos, rede de apoio e equipe multidisciplinar), entre outros pontos.