OMS alerta: déficit de 5,8 milhões de enfermeiros aprofunda desigualdades globais

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, em 12 de maio de 2025, um novo relatório que chama atenção para a desigualdade na distribuição de enfermeiros ao redor do mundo. Apesar do aumento no número desses profissionais nos últimos anos — passando de 27,9 milhões em 2018 para 29,8 milhões em 2023 — ainda há um déficit estimado de 5,8 milhões de enfermeiros globalmente.

O documento mostra que a maior parte dos enfermeiros está concentrada em países de alta renda, que representam apenas 17% da população mundial, mas abrigam 46% da força de trabalho em enfermagem. Em contrapartida, cerca de 78% dos enfermeiros atuam em países que juntos somam apenas 49% da população global. Isso revela um desequilíbrio preocupante, com impactos diretos no acesso a cuidados essenciais em regiões mais vulneráveis.

A média de enfermeiros no mundo é de 37,1 por 10 mil habitantes, mas essa taxa varia drasticamente entre os países. Em nações de alta renda, a proporção pode ser até dez vezes maior do que em países de baixa renda. Na Europa, por exemplo, o número de enfermeiros por habitante é cinco vezes maior que nas regiões da África e do Mediterrâneo Oriental.

Outro ponto de destaque no relatório é o papel da migração internacional. Estima-se que 1 em cada 7 enfermeiros trabalha fora de seu país de origem, chegando a representar 23% da força de trabalho em alguns países desenvolvidos. A maioria dos enfermeiros é do sexo feminino (85%), e embora países de baixa renda estejam formando mais profissionais, nem sempre conseguem mantê-los, devido à falta de infraestrutura, oportunidades e crescimento populacional acelerado.

A OMS alerta que essa má distribuição afeta diretamente o acesso a serviços como saúde materno-infantil, manejo de doenças crônicas e resposta a emergências de saúde pública. Para enfrentar esses desafios, a organização propõe ações como aumento no investimento para formação e contratação de profissionais, melhoria das condições de trabalho, políticas para retenção de talentos, incentivo à liderança feminina e gestão ética da migração, respeitando os princípios do Código Global da OMS.

O relatório “State of the World’s Nursing 2025” enfatiza que investir na força de trabalho em enfermagem é importante para garantir a cobertura universal de saúde, reduzir desigualdades e fortalecer os sistemas de saúde em nível global.