Os impactos positivos do 5G na saúde

O 5G, que chegou no país em julho, já está disponível em todas as capitais brasileiras. E, como não poderia deixar de ser, a chegada de uma tecnologia de internet móvel com velocidade mais rápida e capacidade de conectar um número muito maior de dispositivos veio acompanhada de altas expectativas.

Ao oferecer uma banda larga ultrarrápida e de baixa latência, o 5G abriria possibilidades muito além do que ofereciam as gerações anteriores de telefonia móvel, apresentando em todos os setores da economia o vislumbre de um mundo muito mais eficiente e produtivo. São previsões que, pouco a pouco, vêm sendo confirmadas pelo uso da tecnologia e por sua associação a outras tecnologias digitais, como a Internet das Coisas (IoT) e a Inteligência Artificial.

Na Saúde, no entanto, o uso do 5G tem suplantado rapidamente as previsões iniciais. Havia, por exemplo, a expectativa de que o 5G aprimoraria os aplicativos de saúde, gerando maior valor econômico e proporcionando cada vez menos internações hospitalares. Isso porque a tecnologia levaria a uma melhora substancial na comunicação entre médicos e pacientes, permitindo que ela seja contínua e em tempo real, tanto dentro quanto fora dos hospitais.

Além disso, já se sabe que o 5G viabiliza a realização de exames de imagem com uma qualidade muito maior. Resultados que ajudarão na tomada de decisão por parte dos médicos, que terão acesso a informações muito mais precisas no momento de traçar um diagnóstico.

Outra aposta é o avanço da telemedicina. É importante ressaltar que o conceito vai muito além das consultas remotas, popularizadas no período mais agudo da pandemia. Ele engloba a realização de exames de imagem, a transmissão e armazenamento de dados, a possibilidade de ministrar cursos e gerir sistemas de saúde remotamente. Um aspecto que ganha relevância diante da importância da ampliação da capacitação técnica dos profissionais de saúde por meio de plataformas virtuais. Além de ser muito necessária, também será beneficiada pela velocidade da rede 5G. Atividades como cursos e palestras, que necessitam de interação em tempo real com um volume muito grande de dados digitais, poderão ser realizadas com facilidade.

Já o uso dos dados de forma mais aberta e transparente entre hospitais, clínicas, seguradoras e profissionais, o Open Health, é facilitado graças à possibilidade de coleta e compartilhamentos mais rápidos e precisos de informações, simplificando as interações entre médicos e pacientes.

Dessa forma, a tecnologia também contribui de forma decisiva na democratização do acesso à saúde. Sabe-se que um dos grandes problemas do sistema público é a falta de profissionais e de determinados equipamentos em regiões mais carentes do país, o que impede a oferta adequada de assistência médica para boa parte da população. O 5G multiplica as possibilidades de atendimento remoto, permitindo ao menos amenizar esse tipo de desigualdade.

Uma tendência que será potencializada, em um futuro próximo, com a possibilidade de lançar mão de robôs cirúrgicos ou scanners operados de forma remota para tratar os pacientes; usar drones para o transporte de equipamentos médicos, medicamentos, sangue e vacinas ou de amostras de sangue e tecidos por longas distâncias em alta velocidade.

São aplicações que já estão presentes no nosso dia a dia ou que despontam no horizonte, e que permitem que os médicos usem seu tempo com mais eficiência e produzam melhores resultados para os pacientes. Mas já é possível afirmar que as redes 5G podem melhorar todos os componentes críticos do setor. E à medida que o uso da tecnologia na área da saúde aumenta, um novo ecossistema vem tomando forma, capaz de atender às necessidades de pacientes e provedores com precisão, eficiência, conveniência, economia e em escala.

Esse ecossistema avançado de saúde, que está sendo totalmente integrado por meio do 5G, é verdadeiramente disruptivo. Apesar do pouco tempo de implantação limitada da tecnologia e das suas limitações iniciais, novos exemplos de aplicações clínicas vêm mostrando claramente que há muitas oportunidades em todas as especialidades de saúde, incluindo as soluções de aplicações administrativas e não clínicas para economia de custos e maior eficiência. Quanto maior a largura de banda e menor a latência, maior o número e o tamanho das tecnologias capacitadoras; por sua vez, isso aumenta a demanda por mais recursos de telecomunicações, criando assim uma espiral ascendente de desenvolvimento para o setor. A boa notícia é que este ainda é apenas o começo de uma grande nova revolução na saúde digital com oportunidades ilimitadas de crescimento.

Por André Miceli